Mercado vê retorno gradual da demanda de geradores no País
Após registrar retração de quase 40% das vendas em 2016, o mercado de geradores de energia prevê uma retomada gradual do consumo neste ano. No entanto, a utilização da capacidade instalada do setor ainda deve ficar aquém do desejado no curto prazo.
Empresas da cadeia produtiva estimam que o tamanho desse mercado, no Brasil, gira em torno de 10 mil a 12 mil unidades por ano. Em 2016, as vendas foram de pouco mais de 5 mil grupos geradores.
"As condições político-econômicas afetaram sensivelmente a confiança no País. Nosso segmento amargou uma queda estimada de 30% no ano passado e, em algumas linhas de produtos de maior porte, a retração atingiu 50%", declarou ao DCI o representante comercial da Caterpillar para linha de grupos geradores de pequeno porte, Silvio Santos.
Para o diretor da Cummins Power Generation, José Sampério, o Brasil costumava ser o maior mercado da América Latina neste segmento.
"Até meados de 2014, a disponibilidade de energia elétrica estava abaixo da demanda do País. Com a recessão, a necessidade de energia de back up caiu muito, o que reduziu as nossas vendas", disse Sampério.
De acordo com ele, cerca de 70% das vendas de grupos geradores são destinadas para utilização de emergência no Brasil. O restante é usado na geração contínua, como na ilha de Fernando de Noronha, por exemplo.
O executivo da Cummins conta ainda que, com o boom da economia brasileira há alguns anos, novos concorrentes chegaram ao País, acirrando a competição no mercado local. "Muitas empresas também elevaram a capacidade instalada. Mas em meados de 2015, a demanda caiu rapidamente", complementa.
Santos pondera que o mercado de energia está diretamente ancorado aos diversos segmentos da indústria. "Muitas vezes, a expansão ou retração do negócio de energia é um reflexo do que ocorre nos negócios industriais."
Justamente por esse motivo, ele acredita que o Brasil tem um potencial importante em grupos geradores. "Vemos o Brasil como um mercado altamente promissor no longo prazo", pontua.
De olho nesse potencial, a Volvo Penta, que fabrica motores para grupos geradores, decidiu investir em 2013 neste segmento. "O Brasil tem limitações não só na geração, mas também na distribuição de energia elétrica. Neste sentido, a demanda por geradores ainda vai crescer", avalia o presidente da divisão para América do Sul, Gabriel Barsalini.
Ele afirma que, após um ano difícil para o setor, as consultas dos clientes voltaram a acontecer. "Apesar de projetarmos uma pequena retomada neste ano, acreditamos na pujança do Brasil em geradores de energia", pontua.
Neste sentido, a Volvo nacionalizou uma linha de motores voltada para o segmento. "Oferecemos redução do consumo de combustível para rentabilizar ainda mais a venda de energia", destaca Barsalini.
No entanto, o executivo acredita que o mercado de grupos geradores deve andar de lado em 2017. "De cada quatro cotações, apenas uma se converte em venda", ressalta. "A boa notícia é que ao menos o mercado parou de cair", complementa.
Já a Caterpillar trabalha com a perspectiva de início de retomada ainda neste ano. "Do lado dos fabricantes, os estoques estão baixos. Já pela perspectiva do consumo, vemos alguns projetos que estavam arquivados começando a sair da gaveta", elucida.
Ele acrescenta que o setor comercial já apresenta uma leve reação, enquanto o industrial começa a retomar projetos. "Esta conjuntura indica um início de reação da demanda a partir do terceiro trimestre", observa.
Sampério, da Cummins, comenta que a confiança é essencial para alavancar a demanda do setor. "O investimento necessário para a compra de um gerador de energia é alto e o retorno é de no mínimo três a cinco anos", explica. "Sem previsão de retomada da economia, fica difícil convencer o cliente a investir."
O executivo aponta a redução da taxa básica de juros como um dos fatores primordiais para a retomada do mercado. "Um dos nossos grandes problemas, hoje, é liquidez. O custo do capital continua muito alto", avalia.
Ele acrescenta que a estabilidade da economia é uma variável fundamental para a retomada dos negócios. "A falta de previsibilidade no País afeta muito o setor. As empresas não sabem o que vai acontecer amanhã e isso dificulta a tomada de decisão, ainda mais quando falamos de investimentos de longo prazo", pondera o executivo da Cummins.
Ele acredita que o crescimento do mercado de grupos geradores, no Brasil, ainda deve ser tímido até 2021. "Em torno de 2% a 3% ao ano", estima.
Fonte: Revista M&T